
Antes do «caso do Sr. Fischer», Dom Cobb trabalhava quase sem dormir. A sua equipa de psicanalistas realiza uma tarefa extremamente complexa: não roubar, mas «integrar» uma ideia no subconsciente do empresário para que ele se lembre da senha da sua carteira.
Ele desenhou esquemas de níveis, modelou armadilhas do subconsciente. Mas quanto mais ele se aprofundava nos esquemas, mais compreendia que essa «missão» não era nada parecida com as anteriores. Ivan, o cliente, agia como se estivesse a esconder algo muito maior do que um interesse corporativo.
Antes da primeira «imersão na consciência» do criptoinvestidor em estudo, Cobb pediu a Maria que criasse um espaço simples, quase vazio: uma sala, uma mesa, um velho cofre de metal num canto. Aparentemente, para testar a reação de Ivan à intervenção. Mas assim que o empresário entrou no sonho, as projeções começaram a piscar, como se estivessem a proteger algo invisível.
Dom aproximou-se do cofre — não havia fechadura. Isso significava que o cofre não tinha sido criado por Maria: ele vinha da própria subconsciência de Ivan.
• O que estás a esconder? — bloqueando a consciência do empresário de seus próprios pensamentos, pensou Cobb e tocou levemente a porta. Por estranho que pareça, o velho cofre cinzento se abriu sozinho.
Dentro havia uma folha fina de papel com doze palavras em inglês, sem sentido entre si. Cobb reconheceu instantaneamente a estrutura da frase-semente da carteira de criptomoedas. Ivan a escondeu onde, em sua opinião, ninguém jamais a encontraria. Mas Dom conseguiu.
Quando todos acordaram, Cobb sentiu um peso estranho no peito. É claro que ele não planejava roubar nada. Ele queria chegar a um acordo, limpar o seu nome e voltar para os filhos. No entanto, a ideia de que no subconsciente de Ivan estava a «chave» para toda uma fortuna à qual ele tinha perdido acesso não lhe dava paz.
À noite, já sentado em frente ao seu velho portátil, no quarto do hotel, Dom abriu a carteira de criptomoedas de Ivan. A quantia em criptomoedas na conta deixou-o com a boca seca, mas ele não conseguiu ultrapassar o limite.
Roubar ideias, inclusive de concorrentes, não é o trabalho direto de um psicanalista-hipnotizador corporativo, mas Dom, por uma taxa extra, frequentemente praticava isso. Roubar dinheiro, porém, já é um crime. E isso já não tem nada a ver com a arquitetura dos níveis, mas com aquela frase-chave para a carteira, que ainda pulsava na sua memória. Ivan, como se sentisse algo, olhou para ele com desconfiança, mas não fez perguntas.
Na noite anterior ao «mergulho», Dom tomou uma decisão: ele usaria a frase-semente apenas após a conclusão da missão, se Ivan não cumprisse a sua palavra. Era o seu seguro. Cobb colocou a folha de papel no bolso interno do casaco, que usava apenas em operações especiais.